Pigmentos e as Cores da Arte Sacra 2

Ícone Russo - Ivan Kononov - 1847

O Branco

A cor branca representa a Pureza, o Triunfo e a Redenção. O principal ponto da luz é feito com o branco puro, sem adição de nenhuma cor.

Na pintura de Van Der Wayden “O Último julgamento” - como vimos na matéria anterior - PIGMENTO E AS CORES DE ARTE SACRA - o artista usou a cor vermelha para a figura central – Jesus – representando o Sangue, a Carne e o Renascimento. No detalhe abaixo, da mesma pintura, usa a cor branca para destacar a Pureza do anjo Miguel detentor da balança para redenção dos pecados.

Detalhe do tríptico de Rogier Van der Wayden – São Miguel – 1445-50

Os Egípcios utilizaram o branco do calcário nas pirâmides que eram cobertas de tinta branca para que as pessoas pudessem admirá-las de longe. Eles acreditavam que o branco representava, além da pureza, a onipotência e o sagrado.

As pirâmides do Egito

Já os romanos utilizaram o branco gesso ou Gypsum – É um sulfato de cálcio hidratado. As pinturas dos templos e casas eram todas feitas com essa cor. Existem estudos que relatam o uso do Gypsum para pintar mármores, quer dizer, para disfarçar a cor de algumas colunas não tão brancas.

Maison Cesarée - Nimes - França

Utilizamos o parente do Gypsum original, Carbonato de Cálcio, para cobrir peças em douramento no lugar do gesso cré e fazer massas para nivelamento de pinturas. Há uma variação do carbonato de cálcio que é o Branco de Espanha ( lembra um polvilho ), também conhecido como Gesso de Bolognha ou Branco de Paris, utilizado em processos de folheação e brunimento de ouro, é finíssimo e deixa um aspecto muito macio às peças.

Carbonato de Cálcio e Branco de Espanha

O que mais você vai descobrir sobre os brancos?

Lá vai:

Entre esses brancos, um dos pigmentos mais utilizado nas pinturas foi o Branco de Chumbo, cor extremamente alva, sendo o único com a capacidade de formar uma pasta branca perfeita e pesada, que fora muito utilizada por Rembrandt para fazer suas pinceladas expressivas, o famoso “empasto Holandês”.

Detalhe - Autorretrato - Rembrandt

Parece que quanto mais envelhece mais branco fica...lindo mesmo!

Detalhe de Pintura - Rembrandt Van Rijn

Uma excelente opção para os artistas contemporâneos é o Branco de Titânio, criado em 1921 como pigmento opaco de alta cobertura e acabaria sendo um ótimo substituto do Banco de chumbo, por não ser tóxico e pela sua produção mais vantajosa – Mais barata.

Pigmento Branco de Titânio puro

E vem mais por aí...

Os chineses davam à cor branca o status de luto e morte... Dá para imaginar? Para o Taoísmo – à época – Branco era o negativo e o Preto positivo... Pode isso?

Um pigmento pouco utilizado é o Branco de Zinco...  Descoberto antes do século XVIII ficou popularmente conhecido como Branco Chinês pelo uso nas aquarelas. Você encontra como Branco China.

MaimeriBlu – Branco de Zinco

Não era muito utilizado pelos pintores a óleo porque demorava muito a secar em relação ao Branco de Chumbo, ainda sim, sua secagem é melhor que o Titânio.

Esse pigmento é muito absorvente quando usado na fabricação de tinta óleo e seu tempo de secagem acaba sendo diferente dos outros brancos, tem um aspecto frio / gelado e é comum as fabricas misturarem no branco de titânio.

Aproveite essas cores maravilhosas nas suas artes e continue criando.

Fábio Oliveira

Consultor de materiais técnicos

para a Casa do Restaurador